Rotinas Saudáveis
domingo, 22 de julho de 2018
Rotinas podem potencializar nossas vidas abrindo
espaço para atividades que nem sonhamos em realizar. Entretanto, a palavra
rotina é muitas vezes percebida como enfadonha, e por isso não percebemos o
real valor do que pode ser um grande recurso para nossas vidas.
Quantas vezes você ouviu pessoas dizerem o quanto
gostam não gostam de rotinas. A impressão que se tem é que a pessoa que diz não
gostar de rotina é aquela mais divertida, irreverente e pronta para qualquer
novidade. Enquanto aquela que se declara amante da rotina tende a ser percebida
como uma pessoa comum, sem graça, e que provavelmente está usando camisa xadrez para
dentro da calça, óculos de aro grosso e uma bolsa tira colo de couro cor bege.
Mas o que é exatamente a rotina? Perguntando ao Sr.
Google obtemos a seguinte resposta:
rotina
substantivo feminino
1. caminho utilizado normalmente; itinerário
habitual; rotineira.
2. figurado (sentido)figuradamente
hábito de fazer algo sempre do mesmo modo,
mecanicamente; rotineira.
É impossível não perceber a implicação pejorativa
que a palavra "mecanicamente" traz para o conceito de rotina. Porém,
não satisfeito com a resposta do amigo Google, vamos pensar juntos sobre este
conceito.
Primeiramente há que se perceber que rotina é um
conjunto de ações. Estas ações demandam tempo e recursos
materiais para sua concretização. É assim para nós humanos e também para
informática. Quando um programador escreve uma "rotina", ele comanda
ao processador um conjunto limitado de ações a serem realizadas em determinado tempo.
Para nós, rotina é sempre um conjunto de comportamentos que realizamos com
certa frequência, como por exemplo, andar de bicicleta com amigos todas as
sextas-feiras.
Contudo, rotina não pode ser vista apenas sob
aspectos de ação e tempo, pois depende também de recursos materiais. No exemplo
anterior, foram necessários amigos e bicicletas. E é no aspecto material que a
rotina se torna uma poderosa ferramenta para potencializar seu tempo e sua
capacidade de realizar tarefas desejadas.
Imagine que você resida tão perto de seu trabalho
que seja possível deslocar-se à pé até ele em apenas 10 minutos. No caminho há
uma padaria e a escola de seu filho. Devido à estes aspectos materiais, você
pode acordar um pouco mais tarde, pois não necessitará de tanto tempo para
chegar ao trabalho. Poderá também ir dormir mais tarde, pois pode acordar mais
tarde. Poderá comprar um lanche no caminho, quando não o fizer em casa. Poderá
almoçar em casa todos os dias, criando uma rotina muito saudável. Após o
almoço, poderá levar seu filho até a escola, e ainda poderá buscá-lo ao final
do dia sem aumentar o tempo gasto para ir e voltar do trabalho. E tudo isso, devido ao recurso material de morar perto do trabalho.
No exemplo acima, foram criadas pelo menos duas
rotinas, a de almoçar em casa e a de levar e buscar o filho na escola. E ainda,
foram criadas três opções de ações que podem se tornar rotinas ou não, a de ir dormir um pouco mais tarde, a de acordar um
pouco mais tarde e a de tomar café da manhã no caminho. Uma vez que se mora
perto do trabalho, e consequentemente não se gasta duas horas por dia com
deslocamento, o que é uma realidade para muitas pessoas, outras rotinas
poderiam ser criadas sobre estes mesmos recursos materiais, afinal, são duas
horas que se poderia usar para frequentar uma academia, ler livros ou fazer um
curso de línguas. E se utilizar-se desse tempo extra para exercitar-se em uma
academia, essa rotina poderá gerar saúde e disposição suficientes para a
realização de uma terceira rotina, por exemplo, brincar com seus filhos à noite.
Fica claro então que para que rotinas sejam
estabelecidas são necessárias ações, tempo, recursos materiais e ainda, são
necessárias rotinas primárias. Isso significa que algumas rotinas, as quais vou
chamar de rotinas derivadas, somente são possíveis caso existam rotinas
primárias. No exemplo anterior, a rotina derivada seria a de levar o filho à
escola, pois dependeu da existência da rotina de ir ao trabalho à pé.
De um lado, temos rotinas primárias, que dependem
unicamente de ações, tempo e recursos materiais, e de outro, temos rotinas
derivadas, que além de dependerem dos três fatores citados, também depende da
existência de um outra rotina primária. No exemplo anterior, a rotina de
exercitar-se dependeu da rotina primária de acordar cedo, que dependeu da
rotina de dormir cedo. A rotina derivada de brincar com as crianças à noite
dependeu da existência da rotina de exercitar-se pela manhã, que também era uma
rotina derivada. E todas essas rotinas dependeram do recurso material "morar perto do trabalho".
As rotinas derivadas são o maior exemplo que
podemos imaginar para perceber a importância das rotinas. Isso porque elas são
ações que você somente consegue realizar porque há outras rotinas possibilitando
sua existência. No exemplo anterior, você somente poderia ter tempo para se
exercitar em uma academia porque tinha as rotinas primárias de dormir cedo,
acordar cedo e não gastar muito tempo com translado para o trabalho. Se por
algum motivo, quaisquer dessas três rotinas primárias são abaladas, talvez você
não consiga manter por muito tempo a rotina de ir para academia.
Ficaria difícil entender que a rotina de brincar
com as crianças à noite dependeu do recurso material de morar próximo ao
trabalho. Mas você já entendeu perfeitamente como uma rotina levou à outra,
tornando tudo possível!
Além do incremento de possibilidades de realização
de ações que as rotinas proporcionam, elas tem um aspecto psicológico e
fisiológico que só te fazem bem. Isso porque criam sistemas automatizados e
repetitivos, ou seja, criam hábitos. Quando fazemos uma atividade com
regularidade, o corpo adapta sua fisiologia para que possamos executá-la com
mais facilidade. Se todos os dias você vai à pé para o trabalho, no início
sentimos cansaço, mas após a criação do hábito, estes aspectos negativos
desaparecem. Se passamos a acordar cedo para exercitar na academia, após um
tempo acordamos até mesmo sem despertador e sentimos que o corpo fica pronto
para o exercício minutos após o despertar. O que aconteceu é que fisiologicamente,
seu corpo se adaptou ao hábito.
Também há o aspecto psicológico, especialmente
quando a rotina a ser executada é um tanto quanto penosa visando-se um ganho ao
final de certo tempo. Quando planejamos estudar para um grande concurso, ou
realizar uma rotina de exercícios físicos, sentimos preguiça antes de iniciar a
rotina, sentimos também uma agonia durante a realização da rotina. Entretanto, colocar
a rotina em prática por alguns dias, cria-se um hábito e com isso, não mais
sentimos preguiça ou agonia. Ao contrário, nos sentimos mal quando por algum
motivo não executamos aquela rotina. Além disso, ainda no aspecto psicológico,
podemos perceber o quanto as rotinas automatizam nossas ações, gastando menos
energia mental para executá-las!
Até aqui, falamos da importância das rotinas. Elas
nos trazem segurança psicológica, incremento fisiológico, aumentam as
possibilidades execução de rotinas derivadas. Há que se dizer ainda de outro
importante aspecto sobre este tema: a interrupção da rotina.
Alguns grandes acontecimentos, sejam eles bons ou
ruins, trazem inovações repentinas em nossa vida. Casamento, a vinda de um
filho, mudança de cidade, perda de emprego, perda de saúde são eventos que
forçosamente interrompem muitas de suas rotinas e alteram a forma de algumas
outras. As rotinas derivadas se implodem em segundos e as primárias ou se
alteram ou desaparecem devagar.
Nesse aspecto é de se entender que quando passamos
por mudanças, a fase seguinte é de adaptação. Pode levar muito tempo até que nos
adaptemos a uma nova condição de vida. Mas agora, o que já conhecíamos simplesmente
como "fase de adaptação", ganha significado mais complexo, pois sabemos
tratar-se de fase de construção de novas rotinas.
Existem dois tipos de mudanças: aquelas que
planejamos e aquelas que acontecem por motivos alheios à nossa vontade. De um
jeito ou de outro, o fato é que pode ser realmente avassalador perder, de uma só
vez, todas suas rotinas. Por isso, quando estamos frente à mudanças planejadas,
é muito importante que, dentro desse planejamento, estejam fatores que têm como
objetivo conservar nossas rotinas favoritas.
De outra sorte, quando as mudanças são
inesperadas, temos que dar um pouco de tempo a nós mesmos para que possamos
novamente adquirir recursos materiais e tempo para a criação de novas rotinas
que de alguma forma vão substituir aquelas antigas rotinas que gostávamos
tanto. E assim, aquietar o coração acerca de todas aquelas rotinas perdidas.
Tendo em vista os aspectos observados, entendemos que
a criação e sobrevivência de rotinas dependem dos fatores como ação, tempo,
recursos materiais e até mesmo de outras rotinas primárias. Percebemos também
que a perda de uma rotina pode levar ao fim de várias outras, e que por isso,
temos que ter atenção especial quando planejamos mudanças em nossas vidas. Da
mesma forma, temos que agir com atenção, paciência e carinho com nós mesmos
quando perdemos nossas rotinas devido à mudanças inesperadas.
Sugerimos, por fim, que você intencionalmente planeje,
elabore e coloque em prática rotinas que abram espaço para a realização de mais
atividades desejadas. Potencialize sua vida desempenhando atividades desejadas!
Quais rotinas você gostaria de realizar? Quais recursos materiais são
necessários? De quanto tempo você precisa para elas? Quais rotinas primárias
poderiam ser construídas antes para que essas rotinas desejadas se tornem
possíveis?
Um comentário:
Parabéns pelo texto meu amor!
Conforme já conversamos pessoalmente, é impressionante o tanto que a rotina é importante. E que a ausência dela gera conflitos e falta de produtividade, pois elimina-se o foco, perde-se a constância. E a rotina como sequência de atos, mesmo que não nos horários exatos, já gera uma previsibilidade de acontecimentos para planejamento de atividades desejadas.Rotina é fundamental!!!
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